3.03.2024

Do afeto VI

Gosto do gosto em ti -

Absurdo, como preferir uma cor.

Aproxima-se do que pretendi

Antes mesmo de saber o que for.

8.18.2023

Do afeto V

 Descanso meus amores no plexo.

Enquanto calcina os afetos, consome!


No compelxo desejo que emerge e some.
Como a fome!
Impulso: d'estômago, sexo e de morte!

7.09.2023

Do afeto IV

 A fim de falar em Epicuro e seu jardim,

Pra o começo do afeto acontecer,

Alegrando só (e tanto) o correr da água,

o pão...

Com sons e cantos que há muito conheci
E que agora ganha contornos de outonos
Aí, lá eu encontro o que é só mistério
Singular
Inteiro

9.06.2022

Do afeto III

 Doisificar-se

Tre, quadri, multiplificar.
Abranger mais que a soma das partes
Unicar o ser por ser fenômeno
Apenas no instante.
Agora age
De próprio punho e de alheio pulso
Sou a que me disponho
Inteiro.

Anteávamos sermos dois


Depois


Presenteamos






9.01.2022

Do afeto II

 É estranho sentir saudade de ti?

Se só te sei como criação e como aroma da memória...


Se te vejo uma miragem, inundada de luz,

Traduzida em arte, e é só uma coisa,

       Um gesto, um jeito, um ser.

Amável véu que desnuda quando cobre

               E acaricia a melhor parte.

Do afeto I

Afeta existir

Tanto outrem quanto a si.

E somos nós
Em linhas de sonhos e mais...
E passa, transpassa, transgride quiçá um ego que haja
       Em um tal lugar
                   Movente

E muito fica do que só atravessa.

7.16.2022

Do desejo V

Oferto os votos

                Do anseio que leva os corpos -

Coisas demasiadas fora para conterem-se:

Desmesurados Dentros

Existem, persistem e movem

Astros e nuvens e seres...

7.06.2022

Do desejo IV

Despoder:

Punção de entrar
No outro... pra'coabitar
O sujeito
Até qu'esse pereça,
Desfalecido no prazer despercebido,
No mais que si.

6.16.2022

Do desejo III

 Segue sendo, independente de ti,

Indecoroso:

Desejo de si e da eternidade do gozo.

5.21.2022

Do desejo II

Desejo o riso e a raiva.
A impassiva carícia, falas espertas,
Doces e safadas,
Molha, a cerveja, a boca que firma as ideias em palavras...
Vejo ali o que almejo entre os goles, entre as cores que emolduram seus contornos,
Entre mais um copo, sentar mais próximo, passar um cachorro,
Entre os toques que se avizinham,
Atentos e fortes... perenes.

Quero o que queres
E que queira mais...
Quero a língua, a saliva, os dentes
E tudo que te jacta...

É um lance de alea
E de iact est.

5.16.2022

Do desejo I

 Desejo

Conhecer a si, a ti, aos dois,
Da única forma:
Na dialética do riso, fala, olhares,
Dos corpos como um todo.

Ter em vista o mistério sedutor
De uma Jasmim de cor,
Perfumada
Ias... firme, viva, linda.

Me faz viver as sacadas das paradas
Dos produtos e do suor,
A rotina e o perder a linha, o et cetera.

Mostra-se a mim, quem me dera
Um dia minha, Terê,
Que é de Ben, d'Alceu, de Rachel, de Bacos e Exus.
Faz-te como é, como seja,
Que a mim o que me importa:
O despudor do ser.

Que a unha tire a lasca da casca que criava outra poesia

Tanta luta entre estar nua e crua

No braço que quase segura,
Mas também liberta e manipula, enlaça,
Aperta o entorno, abunda...

Cala a boca e só diga que sou sua!

À @anadentemole

 Vê-me! Mais que c'olhos:

Com a pele, o sangue,

Co'a clarividência dos dias vindouros...

Um pote de ouro, raio de Sol,
Aquilo que já foi nós
Hoje quiçá é dois.
Amanhã ou depois, mais distância,
Mais vontade da minha parte
Que é a que não se esvaia seu cheiro,
A sua bondade dada em corpo, em palavras,
Em amabilidade.

Criança da minha casa,
Nossas vidas e brincadeiras de mãos dadas,
Te amo sem querer nada.

2.25.2022

Te ofereço meu sorriso a cada passo que damos em direção um ao outro, sem nenhum sentido, só a força de estarmos perto...

Amo no "se"...

 Se te posso sofregar,

Pra que estar sozinho?

A angústia também é novo sentido.


Quero-te sempre junto,

Minhas pernas e minha bunda que trilham o caminho.

Amanhã quiçá virá - quem sabe? - uma certeza.


Por cá é só infantileza do olhar.

Desejo inverso revestido de "num sei se"

Amanhã sim serás o Sol Rei.

 Não ter.

Fica o cheiro distante que tange

E passa -

Espuma e vaga.

Diástole da história 

Na língua agora em que não se cabe.

Liquifica...

Estanca.

Acaba.

2.04.2022

BastetوSekhmet

Hoje nos encontramos

E é puramente isso

Sem razão nem planos,

Sem compromissos -

Com tudo.

O simples nos darmos as mãos

E o mundo.

Os segredos, os sussurros...

A vida em potência 

De doçura e violência.

1.06.2022

 É silêncio de mãos dadas

Com olhares, línguas e dentes.
A tempestade ao longe não se teme nem corrompe.

Já era lá
Antes do instante do encontro,
Antes mesmo de buscar...

E de galgar
Ter em si o que lhe é próprio
Ainda que de outrem.
Nosso.
Fazer a coisa se vizinhar a alma pelo fôlego,
Pelo gesto; pelo, toque...

E tudo o que precisamos é amor
O suave som da felicidade que desaba sobre os seres.

12.21.2021

 Começa feito vento,

Aroma

Que se intensifica como vinho,

Teu cheiro sentido, mescla de pele e brisa.

Teu colo transborda, respira

Arfando, amado.


Encontro o suspiro esperado,

Adentro.

Teu quarto trancado se abre

E as cores contemplam dois corpos

Imersos nas línguas, nos dentes, nos toques suaves,

Sensíveis, firmes, potentes;


Num instante se tornam a busca do horizonte,

O longe invade os nervos, 

Inunda de hormônios.

E'ncontro o riso guardado pra gente

Às seis e quinze da tarde.

12.17.2021

 Riso bonito que clarividencio.


Preta


Parte de mim, já tinha te conhecido

No tempo dos ancestrais. 


Guia macia, já te sinto.

Dia 13 de maio é domingo,

Juntos seremos mais.


12.03.2021

À Camila Morais

 A mão da menina faz arte,

Mistura mistério e saudade.


Resiste em amar:
Alarga o peito
Em traumas desaprendidos;
Ambos juntinhos nisso,
Conhecendo e maravilhando-se ao caminho.
Inventam a paisagem do laço, dos largos abraços e risos.

Calmos, folgam para trocar,
Transar aquela coisa nova e já sabida -
Úmidas superfície e entrância.
Entra, ativa, sua, soa,
Ressoa as almas, os corpos:
O novo desejo eterno
Somos.

Um momento para arranhar de leve a cobertura,
           como um doce maculado por dedo de criança,
                     que, singela, deturpa o chocolate sobre
E que de pronto lambe e se lambuza -
Prazerosa fruta,
Poderosa musa -
Dias e dias de alegria e cura.

11.26.2021

 Pudera ter dito

Que na minha filosofia estar apaixonado é o equilíbrio

Da emoção desse ser tão racional. 


Você disse tchau. 


Eu engoli os versos, 

A saudade,  a vontade de ouvir a voz,  de cantar canções, 

De falar em Spinoza, rir de histórias, 

De voar quando abrir o Sol.


(E me restaram no peito as baratas de Maiakovisk.)

 Uma comichão,  uma cocega no nariz,

Rompeu em um triz e o corpo disse pode

Era todo o mundo ali
Em um "beijo no bigode".

(acento grave) @anadentemole

11.24.2021

 Achei!

Estava num canto,
Na melodia que não podia ouvir.

Agora atravessa,
Algum quê fica
Em cheiro,
Na boca ainda sentida,
Em poesia.

Tinha perdido o sorriso,
Estava no outro sorrindo -
Em um, que mordido, quase ferido,
Lindo!

Despido do jogo se lança,
Permite, adere, cutuca.
Insiste em dançar.
Avança no gozo.

"E como estou
Com muito amor para dar
Eu dou!"

11.17.2021

 


Hoje eu quase que me lembro de você,
Ao menos eu tivesse visto seus olhos e nariz de perto.
Eu bem lembraria de um cheiro,
De um toque distraído, outro disfarçado de invite.

Mãos dadas inventam-se em realidade.

 Aconteceu?

O barulho da rua não me deixou escutar.

E não me deixou o sussurro do cheiro

indistinguível das fumaças.


Fica um negócio em mim,

buracos tão pequenos que mais são texturas 

e uma “saudade de alguma coisa que nem me lembro mais”.


(acento grave) @anadentemole

11.12.2021

 Já foi

Breve eternidade,
Signo de rubor e intumecencia.
Não tinha braço ou perna,
Uma só forma, sanguínea, plena.

Distorce em ontem e não me toma agora'
veneno macio - sua barba (quando fora) -
agora não mais.

Já era
A gota virou poesia
E "você virou tanto faz".

(acento grave) @anadentemole

11.09.2021

Desejo pra ti, uma gaveta de sonhos,
Que nem eu nem ninguém vai te dar.


Vai... estende a mão, abre, remexe
        e encontra...


São mãos de cem quedas d'água,
Mais de não sei quantas cores alegres,
Frutos silvestres nos seios, nas púbis, no ventre.


No centro do lado,
Poeiras de estrelas formam o barro que escorre da telha.


Bem vinda menina!
Respira essa brisa -
O aroma que invade a preguiça, a retina,
Que mora com a tia de um digníssimo rapaz.

10.29.2021

 Seu som é minha mão, brutalidade delicada qual ventre e plexo,

o grito agridoce, grave.


Aguda vontade, pathos e porvir.


Em segura (história), queda, baque; antes será o agora!

um dia...

 “Eu vi a sua bundinha”,


gravada em luz, talvez luar ou lâmpada ordinária;

brilha inacessível, grafada em tons de cinza

rela as retinas,


ésses candentes. Omisso bico

semi-presente...


(acento grave)@anadentemole

10.25.2021

 A boca não se sabe e diz

As pernas correm bem
      (tantas vezes) fora do caminho.

Seguindo vai o ser, sentindo apenas.

Impreguina tudo de vida!

Nem sonha o sorriso,
       o lance de dançar sozinho,
                o friozinho na barriga.

É bobo, sincero
ineditismo.

Proeza dividida:
A certeza da dúvida e a dúvida da certeza.

10.22.2021

pra passarinha

Perdi o beijo.

Escorreu da taça.

O Tejo desagua em poça.

É a troça dos tempos líquidos. 

Por mais buscado vai o beijo.

Caiu do carro da mudança um troço,
    um treco precioso,
Que foi mais por não ter sido. 

10.13.2021

(wishful thinker)

Acho que achei um beijo... 


Sem porquês, estalou!

Um plocket simples...

E a sabiá, a mim e a si, responde:

                a saudade agora é sim.

5.27.2021

 Política

palavra impoética

ímproba,

odiento ovo d'cobra odienta.


Luta incauta dos sem causa.

Mimetiza-se o mago,

(virginizam-se) encantados gados

(mais mansos e brabos).


Armas nas botas

Armas na boca

Armas

Embotas


Esgarçada, covardia tua,

    a fina textura

    que segura a gente


Dissimula


    Mente


        Finge a força que não te acompanha, infante,

            podre, torpe, rude, inerte, vil, perverso, infame,

                    desvaloroso, obtuso, disforme, chauvinista 

                                   inerme, pavoroso, inepto, errante,

                                                pervertido, mau – facista!

                                                                        (impoesia)


Adjetivo outro:

    mito apocalíptico;

escatológico fruto

    do ventre indigno.





5.08.2021

Amor, na paz da indiferença,

não perdoa a descrença

nem disfarça.


Cai da graça.


O ser vivente

menospreza

a coisa que não com-sente.


8.28.2017

gesta o gesto
que não (;) há de ser!
é agora

(         )

já não mais

12.17.2013

... ela deixa o perfume na porta de casa, na rua a caminho do meu trabalho;

9.20.2013

As Violetas me imensam

... e as marias-sem-vergonha me apequeninam.

9.03.2012

hoje acordei
             bebi o café que eu mesmo fiz e requentei...
             e fiquei humildemente pensando
no futuro que não vem.

5.30.2012

Minto que me mato a cada verso, menos minto no não-dito...
e em nada, no que lês!

12.27.2011

inda

nem saudade d'um tempo...: um hiato de mim

8.10.2011

De quando me vem uma angústia
que é a de saber o desigual,
o singular.

Se me fosse consentido a mim sentir-nos chuva
(muitas coisas e uma só)
aí sim...:
aí, quanta alegreza!
Quantos murmurares!...

8.07.2011

Traiu-me a dinastia em que me enfiei. E Filiei-me a metáfora do que não pode ser senão de fora.

Destilo, então, a ilusão
(da metáfora, do poder)
- e sou um rapaz esforçado.
Saboreio a sina enquanto a mágoa quiçá se condense.
E não pretendo... nada senão permear a mim:
inimigo e amante do que sou.
Vejo-me Vendo-me
... e ventos podres que tento adornar em flores
para o rol que não entro.

7.23.2011

Cimo porque há abismo, e altura.
essa que não tão bem consenso.

4.27.2011

falha a carcaça da seiva, só ânfora vazada que, sem esvazio, derrama-se.

Valhei-me pernas e tropeços! e pedras – dais meu nome quieto na gravidade úmida de tempo e entorno; e de perto, do seu eu vê-la e nunca a ela.

2.15.2011

"... (o pão do fim)"



E depois de manifesta a primeira coisa, do primeiro tipo, viu-se:

Mais mão do que houvera, mais mão no que nem era mão – naquilo,

plasmado do porvir;


As mãos, à partir de agora, ferramentas; o toque, mais que tudo, princípio de magia e violência;

Ambas

Desmedidas

12.08.2010

Amo-vos!

Por serdes todos Narcizos - e eu, Narcizo.
Por ser-vos: vendo-nos.

10.21.2010

Livr(o/e) a ser lido

Se nunca os tivesse visto, saberia todo o resto menos isso; muito provável que houvesse só o vazio do sentido, que veio vir a trazer aquele par (como existisse, definitivo, o mais belo quadro, mas que dele só se soubesse a moldura... e que pudera ter sido o mais belo quadro, e só isso). E, nesse caso, eram olhos...

em verdade olhos ordinários, desses que se cruzam por um acaso de uns estarem por descer do ônibus e os outros por ali passeando, distraídos, enxergando sem verem o que de fato olhavam no momento de clarividenciarem o encontro.

...havia a vida naquele olhar, e pensava isso enquanto não mais estavam juntos os olhares...

mas ainda presente a sensação que trouxeram pela conversa de eras, num simples se porem os olhos uns nos outros;

Mais presente aquela umidade de vida que se alongava a sua análoga: aventuravam-se na brincadeira de ver almas; ambas, graves e responsáveis ao ludicarem seus contatos.

E o mais que vira fôra silêncio,

sem adjetivos...

o tanto de vida faltante a sua(...).

A dela reciproca.

Olhou breve para o canto superior, e o canto da boca na mesma feita – como se ao cair pensasse “não; denovo...;” e ao mesmo tempo dissesse um sim melodioso ao zunir, caindo. Era nítido que um tanto dA falta estivesse indo na cor mesma daqueles olhos – castanhos, quase que certamente que castanhos; dependendo da luz, méus.

A falta, agigantando-se, vivendo na cor que a olhou uma única vez, e ainda a que mais olhara certo...

Reconhecera a sua criança na criança que habitava ali.

e além de méis, azuis, quase que plenamente azuis essas crianças

Tinha a facilidade para reconhecer crianças nos olhares, treinara desde a infância, como instrumento, como utensílio, ou melhor, como uma língua, que só vive por nós.

Vivia sua memória no simples ecoar de um movimento. Agora:

“vivente memória daqueles olhos de ora,

daquela cor,

do silêncio ofuscante,

daquela falta...”.

Ainda vivia a memória do pôr-do-Sol, roxo, vermelho, laranja, cor de amarílis e cor de rosa, esta alada cor. que via ainda, mas que via viva no instante antes do impacto.

As três vidas, o pôr-se o Sol, ela e ele indo-se, e os olhos pondo-se, viviam, viviam deveras; impulsionadas; independentes, imprudentes de vibrantes.

Vivia assim, até quando consegue reviver que vivia, vivia assim: em soluços, ou entre as pausas de um para outro estacato da risada mais gostosa; e ela como o caminhar saltitante dos relógios da casa de sua vó, que pareciam mais namorar do que obsequiar o pêndulo... namorava, de fato, o tempo como quem tenta guardar o gosto de todo o canto da vida numa única boca, e para isso tem de fartá-la do pão, da saliva e do sabor de todo canto.

Mastigar

passo a passo

o mínimo possível

sem engolir

manter o mais fresco

que se pode,

até se percerber saboriando a própria

boca.

A gravidade do silêncio a excitava, e a adormecia ao se concentrar em todas as suas

cores...

assim fôra que aprendera a escutar o pigmento das palavras.

só podiam mesmo ser ditas pelo que as enxergasse... mas

olhos só dizem olhares.

E se chamasse?... se gritasse àquelas cores, àquele silêncio, àquele vale de possibilidades que tanto a instigava? Se gritasse... e se gritasse...

não, não no mundo da cognição, não nessa avenida de políticas que só afastam o que se pensa ser a vida do que tem alma.Gritaria feito doida nenhum nome, não sabia o nome do silêncio nessa outra língua criada pelo homem para esconder o significado íntimo das coisas... “significado íntimo nenhum”

então:

“te empresto meu livro, sem nenhuma promessa,

te dou assim o que jamais poderia,

pois sou mais o que flui do que a fluência;

mais revelada pelo o que em mim ecoa, do que pela matéria em si

– ('é como timbre natural, entende?)...'

… e ela não sabe a resposta; e mesmo que houvesse, não era exatamente aquilo que calava, era uma outra cousa, ou de outra natureza, ou outra forma;

na verdade não calava: soava; tangia o sentidos que reverberavam... e só. E aquelas cores que se iam pareciam ter escutado; se sim,

“essa cor faz a minha luz ser vida aos ouvidos.”

E dependia do it também, havia it que se ouvia como sinfonia jazzística, noutro uma sonatina populaça, noutro um doce melisma escutado ao longe...

tinha it em que parecia ser só o sussurro de uma chuva, fininha, em que é preciso fazer shhhhhhhhhhh para a companhia... calar a respiração para ecoar o shhhhhhhhhhhhhhhhh..., … … … … … … … gostava era de quando soava uma caixinha desafinada boa, gostava justo do desafinado, dava-lhe a textura, a afetuosidade àquela única composição de tons, e mais ainda gostava de pensar nas gerações que escutaram essa caixinha ir perdendo o teso 440 hz no lá; e ir ganhando a vida nos contornos tônicos,

nas cores da ferrugem do som, nas memórias como sétimas sensíveis,

como cheiro de casa de amigo.

E sentia-se a interseção do próprio escutar essa caixinha de segredos, ela era todas as fotos e todo o terem amaralecido as notas as fotos e a bailarina. E o espelho visto desde sempre; como era também a entidade dos sorrisos que se abrirão nos incessantes renovares e permaneceres – como eram seus olhos e as suas mãos, sintomas de sua individualidade e de sua comunhão: nos olhos, tinha a dádiva consagrada por ela e por ancestralidade, e nas mãos os traços da maldição de acarinhar o fogo,

como resultado – enxergava o lá e tateava o ritmo, música e verso, para acalentar o quase-sem-querer-derramar dos seus carinhos respingados pelo mundo afora, orgânica de luminosidade...

… e não sabia ser isso uma pergunta.

como se chamaria aquele olhar, que os seus chamavam em olhares?

mesclados de aflitos pela voz ser brilho e de calmos em saber a música dos olhos amantes,

que já eram amantes aqueles olhos que, mesmo que amantes, não se voltaram mais.

... - ...

Seguindo retos, os dois agora amantes tentavam se manter fixos no destino, achando que deviam proteger os passos que iam precisos no caminho,

mas sozinhos, pois os olhos ficaram vivendo a miragem dos amantes que, parados, se despediam em pequenos raios misturados sem saberem... ele, concentrando sua atenção nos planos, atento as eloqüências dos tempos, principalmente deste tempo, querendo saber pensar o universo... de olhos medrosos em verem o vazio quântico cotidiano... se penetrasse o vazio, teria que conviver com o abismo todos os dias... e é perigoso, pois os abismos nos elucidam, nos atraem e nos crescem...

e tinha medo por inteiro de deixar de ser, deus criança e poeta.

E

Não se voltaram para trás.... queriam também manter aquele gosto... como querendo ser apenas água o que é mar,

E aqueles olhares ficaram-se assim um ao outro, como gostos que deslizam lentamente para a eternidade humana –

inexistindo

inexistindo,

inexistindo;

inexistindo. até tornar-se o sulco do nada da vida, e ir compor o fruto da graça do corte que, posto que divino, vazio...

como todas as poesias surgidas na boca de todas as crianças:

O meu vazio está em todos os olhos que não vieram olhares para vê-lo.

10.02.2010

... e escapou a poesia pela brechinha de um tempo sem idade.

e para que escape: só o fimbo no ritmo íntimo, empírico -
pra fazer vazar a alma sem ter de ir buscar poema;
só linguagem.
.

9.14.2010

Calmo!
Para com o montante da Vida
e seus percalços.
Muito calmo...
para com o seu Oposto.

Rápido - de enfurecido - para com o seu composto, seus adornos, enleios, enlaces,
mais para com os efeitos que me pedem qu'eu esteja vivo:
em quando os minutos se diluem,
os segundos se desdizem por suas frações se inexistirem
no sem-tempo em que o segredo quase agride por fazer-s
E (e) calma...

A cabeça pede.
(Como fosse muita água para a muita sede que sente.)
SÓ.
COMO PAZ NÃO TEM CONTRÁRIO...
E PENSO, ALMEJO, TRADUZO, DEDUZO, USO
E ISSO TUDO.

MAS OLHOS SÓ DIZEM OLHARES...

9.08.2010

Perdi há muito já a empertigância do que supunha ser o meu dever de literato.
Tentei ser bonito, fidalgo e abismos das eloquências nas quais custumava depositar esperança...
Até caírem todas aos pés do estar errado n'ora, n'outr'ora certo...
e ver que não tenho idéia do que faço.

Daí se entrevê o ofício e os perigos de lidar com alma, com substantivo.
Aquele mesmo que fez tremer e ecoar o antigamente,
que traz o futuro inviolável e homeopático;
e o presente como torrente de afogamento pra dentro... sufocando de ar,
da densa leveza de quem pensa brincar a verdade de infante...

porém esta quão mais rigorosa realidade é!
"Uma memória a ter-se..."
mais aquela que a sorte crie.



(roubado de poeta angolano
e aprendido por poesia mais fina)

9.02.2010

interlúdio para uma interlocução

Tenho de me aventurar a ser só eu,
mas apesar, cismo em procurar a dimensão exata.
A tudo falta fingir explicação
e, apesar de a nada, a resposta possa ser:...

42
é curioso como a vida parece se impor,
tal dois olhos que impelem que se VIVA...
e que se lembre de um futuro que ao passado oprima
(por mais mágico)...

mas por ora o PRESENTE é que promete o AGORA...
una poesia de gift, guapa...
or just a poeta como dádiva.

estranho que eu pretenda estrañarte,
mais natural é eu querer saber-te,
parte por parte...

só eu sendo - o que te faça happy
por estar-se deveras descuidada.

8.06.2010

Eu tinha
um cílio guardado pra ter um desejo
que eu possa fazer,
e roubar uma nuvem
e plantar lá no nosso quintal.
mais triste que esmagada em livro,
esta flor foi simples brinquedo duma criança distraída,
que sorria brasas de brisas ao devastá-la...
pétala por pétala

7.22.2010

Como poderia eu atender a tal chamado?
Calado, dentro, preso.
Fruto de um quase amor...
(futuro)
E por quase, essa quase vida...
Este quase - imenso.
Morto em outro corpo...
(materno)
Morto em eterno silêncio.

she eat (the moon)

não há uma nuvem... e o engraçado é eu querer que haja...
e não por fazerem graça e companhia a solitude do céu...
mais por serem próximas e omitirem.

Quero que omitam a beleza, já não preciso nem a quero.
Já não sou eu que olho a Lua, mas a Lua que me olha zombeteira,
de soslaio, imcompleta como está.
Hoje não a quero... e nem sei se um dia a quererei,
me levou mais que o prazer esteta de vê-la...
Usurpou-me o eu romântico que faria alusões e se possivel rimas...
Hoje nem há músicas - e foram tantas, sem serem de vidro...
mas não levou nem uma.
Nem guardou meu biletinho que continha consigo a verdade do universo
(isso é: da minha alma)...
mandou jogá-lo fora
e atendi a seu pedido.

finito... é o que repito sem saber ao certo o que significa...
se acaso signi, se acaso fica.
caso é que não espero nem des... não tanto... ou quase.

7.21.2010

a lua só me fala bobagens...
além de que amarela muito meus suspiros.

3.15.2010

Crio o que não sigo,

e cri possível criar mais que os grilos que cricrilam meus motivos.
Tudo o que não é eu, é inimigo;
e nele me tenho, pequeno, criança,
amando o veneno, mas não tanto;
mais a eterna vingança
varonil;
meiga, perfilada em um adeus -
amargo, à deus, por seu brinquedo e sua herança.

É inimigo meu tudo que é eu.
E o sou.
Eu me libertei do que me agrada
para nunca mais me atar ao que me consola

12.17.2009

Gosto de ter cicatrizes, as minhas,
isso mostra que fisicamente o que sofro fica marcado em
mim;
e agora cê possa pensar ser pena as carícias não
ficarem assim tão explícitas,

mas estas são tão mais profundas marcas...

10.06.2009

nunca tivemos uma música;
as nossas eram todas e nenhuma.
apenas o compartilhar as ondas sonoras em reações diversas de nossos sistemas e formas
de sentirmos, escutarmos, e calarmos no amistoso silêncio,
íntimo - secreto sempre -
e nós...

sujeitos de si próprio

8.29.2009

Não gosto que me amem!
Gosto de amar,
de amar quando sou amado,
mas não gosto que me amem.
.
Não gosto que me amem.
.
Gosto que me gostem.
Gosto quando gostam do meu gosto;
do meu jeito quando amo
- E Amo!
Amo quando deito mesmo que uma noite...
.
só não
gosto que me amem...
Gosto que encante, iluda, ludique, caduca;
mas pra isso só é preciso que se faça,
que se esteja um ao outro, a melhor parte...
.
.
Não gosto que
.
me amem.
.
não
...
Não gosto

8.18.2009

À minha menina DE FATO (sem nome mais que o calado)

conheço os motivos mais íntimos e explícitos de seus sorrisos
mais pequenos...
mas insisto, por muito, em desconhecer as causas das ínfimas lágrimas
absortas fora,
exteriores dentro.

8.10.2009


"E tem a minha menina
do nome feminino do meu poeta favorito
(com medo que o mundo se acabe daqui a uma trinca)
– felizmente podem ser ambos meus, graças aos
pronomes possessivos."


Minhas poesias até hoje foram ruins por eu sempre querer que
fossem grandes,
porque o eu sempre querer já tudo explica.

E ainda perco-me a tentar a escrita breve...
torno-me incompreensível
(ou torno-a se mo fosse concedido);
erro a escrita longa
porque saio do destino a qual me guio.
A(h!)o menos assumo que sou ridículo:
quantas poesias, confesso, comecei ao cabo
enxertando o meio de uma pomposa, promiscua, prolixa,
efusiva lírica,
- para tentá-la grande,
mas nunca...
E ela, graças a deusa, língua,
indecodificavelmente bela.

Não nasci a tempo dos chapéus...
isso é que falte a minha arte:
a elegância harmônica do gesto
(tal a de um Chaplin)...
a tão expressiva, simbólica e cidadã representância
de um chapéu...
um componente histórico que falte aos homens como eu.

Precisava é roubar a expressão
linda e vulgar, e já roubada,
de saldar-lhes tirando o chapéu largo,
que é isso que meus sentimentos fazem.
Mas minha cabeça pelada,
de uma cabeleira espalhafatosa e atabalhoada,
perde esse movimento raro, plácido,
sobrando só um salve desajeitado.

Mas também o mundo agora não precisa de poesia,
não tanto quanto de poetas –
não se tem ela nem à tinta, nem à seco.
Hoje já não há rima que condiga nem que ao mundo dizer consiga
(não há ao menos a unidade).
E poucos são os corações que a sentem [a falta];
poucas são as ganas que a fazem...

Mais que poesia, faltam poetas.
A poesia, a encontro a cada hora, de soslaio,
mas em toda a roda não acho um só que contemple-a ao meu lado
- ou eu sou míope, entorpecido, ou o resto todo é que é
tapado.

E pretenso a dizer que o que faltam são poetas de verdade!
(se acaso achasse-a para tal intento...)
Mas minto
(mas digo que faltam poetas de verdade);
e já me basta de buscar o poema,
ora é, pois, que me invade,
penetra-me a toda senda,
pois o meu ver – já o disse, minto –
mente ser poeta;
mas não se basta –
é preciso ser quem o ler.

(Quase morro com um cigarro mas acontece que me fica bem
parecer ter desprezo pela vida, porque não basta, porque falta
– a mim, como a ela, tê-la)
E é preciso senti-las,
tanto a vida quanto a falta;
é preciso pô-las como farsa artística,
que melhora e revigora seus detalhes.
É preciso o menos,
a falha...

Por isso o último verso ser só quando finde a vida
e nem sempre ser o último verso o que quando acaba.





























E o que há é essa umidade
de vida nos olhos e nos sexos apenas,
que com o tempo vão secando
em lágrimas e filhos não-nascidos...
E só por isso que são precisos os poetas
para fazer da eterna não nascença
poesia.

7.27.2009

o dado
desconcedendo a graça já cedida
é fé que a febre não passe

(febre cega, graça amolada
na pedra em meio do útero-vitae)

disputar dados com o universo
é febre que a fé não passa

7.12.2009

Matá-los nunca fora ambição – mas assim a natureza grita, guia e se fortalece.

Impoder, leitores; impoederes!
Viver: agüentar. Todavia, pensar é ousadia.

O presente quase não se percebe por dinâmica tão direta.
E cantamos o Agora em vozes alheias, impostas
ou por nossas respostas ao dia-a-dia
d’ilusões de tradições televisivas, se não tardias.

5.01.2009

enquanto poeta, acho o comum em mim;
como eu, e apenas, extraio a poesia de ti -
desbandeirado país
de formas e substâncias aleatórias

e certas,
sem saberem(-nas)(,)(-se).

2.25.2009

(Penso e falo tanto de uma literatura se ela quase não exista...
Ora! Foda-se que sejam botões ainda o que componho;
Ora é, pois, que predizem exata grandiloqüência:
Desacreditar que sejamos sublimes
E desinfelizes;)

Talvez esteja oferecendo cigarro a não-fumantes.

(Min'alma se apazigua de rutilantes calmas recitadas, melódicas, a ela por ela;
Cada ponto seu é tão diverso e impreciso clock que o destino se fixa e
Mescla-se de velocidade, vontade e unicidade empírica.
- Adorna-se de poesia.)

(O dito – como dizem – nas entrelinhas:)
Outro dia lembrei que vos amo
(quase me assusto ou rio com isso).

11.24.2008

Todo eu é a estética de nadas ancestrais.

Que importa a mim o corpo, simples pasto enganoso do espírito?
(enganoso sobre si, não sobr’ele)
Híbrido de falta e unicidade – dupla falácia sublimada pela palavra humano;Importa, assim, a mim, mais os vermes do banquete venturoso do poder ser além do gozo.

Confunde-me mais ser bicho que poeta,
E mais ainda isso ser um contra-senso, psicológico e moral –
Não o do contraste de num cigarro ter aceso o nada metafísico,
Mas o da dicotomia do penetrar o alheio no que não é um nem outro:
Valores de valores,
Queda-me pobre ser também vocês – é também de sangue que se vive –,
Sendo que pudesse ser tão mais grande ao ser poeta só pra mim.
Sem os olhares esquivos e crivantes, amantíssimos, nebulosos, sedutores e descrentes,
Sem os cuspes e lambidas nos ouvidos acostumados já há tanto, e tanto, a serventes serem –
até mais que a eles próprios.

O Corpo.
Tal, assim, este mesmo que Deus haveria de chamar;
Sem as palavras mágicas que houve de usar para criá-lo;
Mas – tão mais lúcido –
Pelo vocábulo criado para o representar, e representá-las,
Criado pela faculdade de linguagem
que não sei como chama quando a ela se dirige.

(assim fica a vontade de um pedido, como promessa)

Então...

Covardes, os fortes do porvir, impermeadas fontes que fulminam qualquer gosto.

Condenada, pois, a água por não abandonar o rio nem as nuvens; ao não deixar de ser vapores e precipitação –
Então se poderia ponderar a ousadia e presença contínua d’alma,
Que julgada por ser, pelo que, o que lhe cabe.

Então, culpa ao fruto a sede e a saliva,
Ambos, fruto e boca, pecadores de não haver outra saciedade que não o próprio irem um ao outro,
Corpóreos de ambígua potência – intenção e senda.

Divino módulo da mandíbula,
Provedor à poupa e à boca de seus sentidos de serem – individuais e juntas –, que,
Sem mesmo o saberem,
Fá-las no momento ao qual se fazem
(em olímpos de papilas, enzimas e frutoses enigmáticas; em sinapses, devaneios, lisergias; amuletos, drogas, em procissões de desmesuras; em penas e pagamentos) –
Na sorte dos azares de sermos.

Verazes, deveras verazes, as mentiras que engendram novas cores.

Então, sórdido é o deus que não saiba o nomear humano de sua criação;
O palhaço que se não ria do ofício de sua condição – preso à alegria que evoca,
À realidade que cria.

Porque não possamos negar a desmedida –
O Indefinido Sim –
Nenhuma seta que nos dome, nem centro que nos meça.